- Porque não grita?
Está gostando? - Ele afastou ligeiramente a cabeça e ela conseguiu libertar uma
mão e esbofeteou-o com força fazendo com que ele se afastasse
Os olhos negros
dele brilharam no escuro feito o de um lobo enraivecido, Francisca estava
assustada mas em vez de sair dali, levou uma mão aos botões da blusa,
apertou-os e só depois o olhou, estava tremendo dos pés á cabeça mas ainda
assim enfrentou-o
- Vou participar de
si! - A voz dela estava trémula e rouca
Ele avançou de novo
para ela, que se encolheu junto á parede de madeira, se ele levantasse uma mão
para lhe bater
tinha a noção
exacta que provavelmente ia ficar bastante magoada. Ele agarrou-a por um braço
violento e abanou-a
- Nunca na minha vida.
- Ele falou entre dentes. - Uma mulher ousou levantar uma mão para mim..., sua...
- Fui atacada,
queria que eu fizesse o quê? - Ela continuava enfrentando-o de cabeça erguida
apesar de estar tão tremula e assustada, que tinha a sensação que se ele a
soltasse cairia. - Vou participar de si! - Ela insistiu enquanto puxava o braço
para que ele a soltasse - Solte-me!
- Águia Dourada é a
tua vez... - Um índio apareceu do nada disse aquilo e desapareceu.
- Isto não vai
ficar assim. - Ele ameaçou-a em voz baixa, depois baixou o rosto, segurou
Francisca pela nuca e voltou a beijá-la, dessa vez sem vontade, como se fosse
uma punição. - Não se esqueça... - Ele passou uma mão no rosto dele, onde ela
tinha batido e saiu dali.
Francisca ficou
encostada contra a parede, tremula, assustada, sem saber exactamente o que
estava acontecendo, respirou fundo várias vezes, tentando acalmar-se, baixou-se
para apanhar o casaco de Dona Maria que entretanto tinha caído das suas mãos.
Não tinha feito absolutamente nada que pudesse ter causado aquela reacção naquele
homem, devagar ela foi ate perto da idosa, entregou-lhe o casaco e voltou a
sentar-se no chão.
O homem que a
beijara estava a dançar e olhou-a de maus modos ao vê-la sentar-se ali, não
havia o mínimo vestígio de um sorriso no rosto dele e era visível que embora
estivesse a dançar, ele estava tenso e zangado. Francisca desviou o olhar do
dele e observou a população índia que estava ali a assistir ao espectáculo,
nenhum deles parecia agressivo, ela estremeceu sem saber porquê, virou o rosto
e encontrou o homem de olhos negros parado á frente dela, ele baixou-se á sua
frente, o olhar semicerrado e brilhante, com a faca fez um pequeno golpe na sua
mão direita
- Juro-lhe pelo meu
sangue, que não vai esquecer nunca que me bateu. - Ele falou ameaçadoramente e
mostrou o sangue para ela.
- Não tenho medo de
si! Faça você o que fizer. - Francisca levantou a cabeça orgulhosamente para
ele tremendo.
- Veremos... - A respiração dele acelerou, ele levantou-se
enquanto com o seu pé descalço, calcava a pena que a menina índia tinha dado a
Francisca e se virava para sair dali.
- Estúpido! - Ela
deixou escapar revoltada.
- Chamou-me de quê?
- Ele virou-se de novo para ela
- De... de...-
Francisca levantou-se rapidamente, furiosa demais com aquela atitude dele,
tropeçou e se ele não a segurasse teria caído . - Obrigado - Ela disse nervosa
mas ele continuou a segura-la pelo braço.
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